O estado do Paraná apresentou uma redução significativa no desmatamento da Mata Atlântica em 2023, conforme indicado pelo relatório do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O desmatamento no Paraná diminuiu 78% entre 2022 e 2023, passando de 2.883 hectares (ha) para 633 ha, o que representa uma área total degradada 4,5 vezes menor. Essa diferença equivale a aproximadamente 2.250 campos de futebol. Já a média nacional de redução do desmatamento no mesmo período foi de 26,8%, passando de 20.075 ha para 14.697 ha conforme a tabela 1.
Tabela 1 – Área de Mata 2023, de desflorestamento 2022-2023 e variação em relação ao período anterior.
Dentre os possíveis fatores que contribuíram com estes indicadores destacam-se a melhora nos métodos de fiscalização com o MapBiomas Alerta e o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD)[1] Mata Atlântica, e a introdução do PRODES, mecanismo de pagamentos por não emissão de gases do efeito estufa[2], aliados ao fato de que o Paraná é um estado com um alto número de unidades de conservação, ocupando a terceira posição no ranking nacional, aponta a Fundação SOS Mata Atlântica.
Segundo o Painel de Unidade de Conservação Brasileira[3] realizado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o Paraná detém quase metade 42,26% (45) das suas UC’s como grupo de uso sustentável, podendo através de leis e técnicas específicas de manejo a utilização para a produção de renda e desenvolvimento econômico/social sustentável.
Ao identificar esses dados, associamos ao Programa Vocações Regionais Sustentáveis da Invest Paraná, que visa defender a floresta em pé, gerando renda através da bioeconomia e da promoção das cadeias de valor regionais. A principal estratégia do VRS é incentivar o uso sustentável dos recursos naturais da biodiversidade, valorizando produtos e serviços que podem ser obtidos sem comprometer a integridade dos ecossistemas locais.
Prova de que seguimos uma metodologia viável, é que neste mesmo período de 2023, a economia paranaense cresceu 5,8% ao longo do ano, enquanto a brasileira teve alta de 2,9%[4], segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados positivos alcançados mesmo com a melhoria na conservação das florestas estaduais em comparação a média nacional.
O VRS também fortalece as cadeias de valor regionais, apoiando a produção e comercialização de produtos típicos dos 6 territórios trabalhados, como frutas, economia criativa, mel, erva-mate, pinhão, mandioca, hortaliças, entre outros. O programa incentiva e promove a capacitação desde o cultivo, o manejo até o processamento e venda dos produtos criados pelos atores participantes dos projetos, assim, aumentando seu valor de mercado e competitividade com grandes players, demonstrando que é possível conciliar a proteção ambiental ao desenvolvimento econômico regional.
O programa VRS também busca métodos de promover a pesquisa e inovação para desenvolver novos produtos, métodos e tecnologias a partir dos recursos naturais, e dos conhecimentos tradicionais, tendo a bioeconomia como um de seus pilares. Além disso, ao estimular a pesquisa aplicada em parceria às universidades e seus núcleos de pesquisa, contribuímos para a propagação de conhecimentos da bioeconomia e a criação de profissionais e produtores qualificados nos territórios.
[1] Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica – 2022 a 2023. Disponível em: https://www.sosma.org.br/sobre/relatorios-e-balancos/
[2] Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica PERÍODO 2021-2022. Disponível: https://cms.sosma.org.br/wp-content/uploads/2023/05/SOSMAAtlas-da-Mata-Atlantica_2021-2022-1.pdf
[3] Painel de Unidades de Conservação brasileiras Disponível: https://cnuc.mma.gov.br/powerbi
[4] https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/PIB-do-Parana-cresce-o-dobro-da-media-nacional-em-2023-com-alta-de-58